Início Brasil Morte de cacique em Brumadinho é investigada pelas Polícias Federal e Civil

Morte de cacique em Brumadinho é investigada pelas Polícias Federal e Civil

Foto: Célia Xakriabá - Líder indígena de 36 anos encontrado morto nessa segunda-feira (4) lutava pela Retomada Kamakã Mongóio, no Vale do Córrego de Areias; Área em que cacique atuava é alvo de disputa

 

As Polícias Federal e Civil iniciaram uma investigação conjunta para apurar as circunstâncias da morte do cacique Merong Kamakã Mongoió, do povo pataxó hã-hã-hãe. Ele foi encontrado morto na manhã dessa segunda-feira (4), em Brumadinho. Há suspeita de que ele tenha sido assassinado.

De acordo com membros da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Merong havia manifestado a intenção de “ampliar as lutas” em conversa recente, ocorrida no dia 25 de fevereiro. Merong era uma das figuras à frente da Retomada Kamakã Mongóio, no Vale do Córrego de Areias, no município.

Conforme esclareceu a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) em nota, o líder havia se engajado tanto na defesa de seu próprio povo como na de outros, como os kaingang, os xokleng e os guarani. “A Funai lamenta profundamente a perda e se solidariza com familiares e amigos neste momento de tristeza”, escreveu a autarquia.

Cacique não foi primeira vítima da disputa de território

Merong nasceu em Contagem (MG) e foi viver na Bahia ainda criança. Como liderança, também exerceu atividades no Rio Grande do Sul e participou da Ocupação Lanceiros Negros, iniciativa que contribuiu com as retomadas xokleng konglui, no município gaúcho de São Francisco de Paula, e guarani mbya em Maquiné.

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Foto: Reprodução/ Redes Sociais – Nascido em Contagem, Merong tinha histórico de atuação também em outros estados

Os pataxó hã-hã-hãe têm comunidades na Reserva Indígena Caramuru-Paraguassu, nos municípios de Itajú do Colônia, Camacã e Pau-Brasil, e também na Terra Indígena Fazenda Baiana, no município de Camamu. Os territórios ficam, respectivamente, no sul e no baixo-sul da Bahia.

Em dezembro do ano passado, outro cacique pataxó hã-hã-hãe, Lucas Kariri-Sapuyá, de 31 anos, foi executado. O jovem foi surpreendido em uma tocaia, por dois homens encapuzados, quando retornava à sua comunidade, com o filho na garupa da motocicleta.

A Reserva Indígena Caramuru-Paraguassu é marcada por uma série de invasões e conflitos, sendo alvo de fazendeiros e posseiros. A estrada em que o cacique sofreu a emboscada também ficou conhecida por ser a morada do líder pataxó João Cravim, que, aos 29 anos de idade, foi executado, no dia 16 de dezembro de 1988, fazendo o mesmo trajeto de Lucas. Cravim era irmão de Galdino Jesus dos Santos, queimado vivo em Brasília, por cinco jovens, enquanto dormia em um ponto de ônibus, na madrugada de 20 de abril de 1997.

Em 21 de janeiro deste ano, outra liderança, pajé, foi assassinada no mesmo contexto. A vítima foi a pataxó hã-hã-hãe Maria de Fátima Muniz de Andrade, mais conhecida como Nega Pataxó, morta durante um ataque de fazendeiros integrantes do grupo Invasão Zero, na retomada do território Caramuru, município de Potiraguá, no sul da Bahia. Além do assassinato, indígenas ficaram feridos após a investida. As informações são da Agência Brasil.

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